Navegar é preciso



Acordei. Minhas pálpebras se separaram e abri os olhos para o mundo. Quer dizer, mais ou menos. A realidade ainda está fragmentada, os fatos parecem colidir, mas não se correspondem. Acho que algumas coisas ficaram no travesseiro, coisas que a minha cabeça inventa. Espero que não tenha deixado meus sonhos por lá também. É que é difícil, dia após dia, saber se o caminho que se segue é o certo. Mais uma semana tá passando e se me perguntar o que eu fiz, nem sei: "Mas isso não foi semana passada?".

Perdeu-se a noção de tempo, a rotina atropelou as horas. 24 horas é pouco para tudo o que se tem pra fazer no dia. A gente esquece de marcar de encontrar o amigo que não vê faz tempo. Esquece de ouvir o disco novo da nossa banda predileta. Esquece de passar hidratante porque tá com pressa. A pele fica seca, os dias ficam secos e a rotina também. A única coisa que molha são as lágrimas, trazidas por aquela ansiedade constante que a gente não sabe controlar. Porque não se distrai.

A gente está tão preocupado com o que queremos alcançar que esquecemos que estamos em algum lugar agora, e que esse lugar pode ser absolutamente incrível. A rotina pesa e leva um tanto do nosso tempo, mas não leva a nossa capacidade de escolher. A gente ainda pode separar um dia para os amigos. Ainda pode ouvir música na hora do banho e até cantar no chuveiro. A gente pode passar hidratante na pele porque tem o cheiro bom. E esses detalhes fazem toda a diferença.

Gastar nosso tempo com algo que nos traz paz não é perda, é privilégio. Nem um segundo a mais, nem um segundo a menos, mas um segundo aproveitado. Isso, meu amigo, nenhuma rotina deve tirar da gente.

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