Ser trouxa é uma questão de coragem

("Se você não está assustado, você não está arriscando. E se você não está arriscando, então o que diabos está fazendo?")

Aproveitando o fato de "How I Met Your Mother" ter as melhores lições do mundo das séries e considerando que, infelizmente, a Netflix vai disponibilizar essa belezinha por pouco tempo, precisava deixar claro o meu amor por essa história legendária. Por isso, vim falar do nosso querido Ted Mosby. Mais conhecido como o cara que conta cada detalhe da sua busca implacável pela pessoa certa e vive muitas, muitas, muitas (já disse muitas?) desilusões. 

Ted acredita no amor verdadeiro e luta por ele todos os dias, mas o que acontece no meio da trama é que ele acaba tendo o coração partido inúmeras vezes. Impulsivo, romântico e talvez um pouco louco, o personagem é muito lembrado pelos papéis de trouxa que já fez. Mas então eu me pergunto: de onde veio essa história toda de ser trouxa mesmo?

As pessoas associam "ser trouxa" com o ato de se iludir facilmente, mas até onde eu saiba correr atrás, dizer o que sente e enfrentar a insegurança, o medo e até um "não" como resposta é uma questão de coragem. São poucas as pessoas que têm valentia o suficiente para irem de encontro ao que se ama e encarar os riscos. Perdoe-me quebrar a corrente do orgulho disseminada na atualidade, mas banalizar isso é o que me tem parecido meio idiota. 

Todos nós vamos passar por decepções, perdas e amores incorrespondidos. Algumas vezes vamos acreditar demais em algo que não trará bons frutos, em outras teremos de ser sinceros com alguém, e talvez isso também doa. Não há caminho plenamente calmo quando se trata de amor, porque, bem lá no fundo, amor é feito mar turbulento. Onda após onda, nunca dá para ter pleno controle das marés. Atire a primeira pedra quem pode afirmar que sua vida amorosa sempre esteve às mil maravilhas. Pois é, eu sei. Ninguém. E acredito que parte disso é porque se envolver virou sinônimo de ser bobo demais. A gente cria laços já conferindo se não estão apertados em excesso caso precisem ser desfeitos. A gente começa já pensando no que vai dar errado. E aí já deu mesmo, na nossa cabeça.

Ter o coração partido é um ato de bravura, é coisa de quem se entrega e acredita mesmo sendo improvável. Você não é trouxa por sentir demais, eu não sou trouxa por sentir demais e ninguém é. Nem sempre nossos objetivos vão ser os mesmos dos outros, nem sempre o amor vai bater à nossa porta e nem sempre vamos receber sentimento recíproco. Mas nós sempre seremos mais verdadeiros com a vida se nos permitirmos sentir. É imprevisível, eu sei, mas há sempre um guarda-chuva amarelo ou uma trompa azul francesa recheados de ensinamentos por aí.

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