Postagens

Mostrando postagens de março, 2017

De fininho, chegou o amor

Imagem
Eu sei que não atendi o seu toque à campainha, fazia tempo que não abria a porta pra ninguém. Por isso nem me arrisquei. Queria ter a certeza de que ainda podia me proteger da vida, do que se passava aí fora. O aconchego de casa às vezes é o melhor refúgio . Mas eu não podia ficar aqui pra sempre. A vida aqui é monótona e, tenho que admitir, movimento faz falta. Uma hora tive que sair do casulo, mesmo que as minhas asas não estivessem totalmente prontas. A vida da cidade grande não espera os ciclos naturais, e aí a gente acaba tendo que pisar no acelerador pra acompanhar o ritmo. Mas, para ser sincera, continuo lentinha no quesito amor, não estranhe a minha resistência para se aproximar. Eu sei que vesti uma armadura e sem mais nem menos fugi das surpresas que o trilhar de cada dia reserva, mas aí você chegou, bem no dia em que fui descuidada e deixei a porta entreaberta. Você nem tocou mais campainha alguma, chegou de fininho e me disse: "Ei, você anda trancada demai...

Virada no tempo

Imagem
Quem nunca quis voltar no tempo? Quem nunca alimentou a fantasia de conhecer algo que existiu antes de si?  Às vezes a gente tem a impressão de que nasceu na época errada, não é mesmo? É exatamente assim que Gil Pender, protagonista de Meia-noite em Paris, se sente. Um personagem ávido em busca de inspiração para escrever seu próprio romance, Gil mostra-se fascinado pelos anos 20 quando visita a famosa cidade de Paris com sua noiva. O que ele só descobre mais tarde é que as badalas que anunciavam a virada de um dia são as mesmas que abrem as portas para a sua tão sonhada "Idade de Ouro". O filme conta com o charme irresistível da cidade e cultura francesas, retratando artistas e pessoas ilustres que enriqueceram a história com suas obras (já deixo aqui minha afeição por O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald que, apesar de eu ainda só ter visto o filme com Leonardo DiCaprio, prometo ler o livro de tão cativante que é a história).  São muitas referências, menções e me...

Uma por todas, todas por uma

Imagem
Mais um dia 8 de março. Mais um ano de muita luta. Lembro de ter escrito no dia das mulheres do ano passado, e também no ano anterior a esse. E, apesar de tudo, ainda há muito a ser conquistado, principalmente quando se fala de respeito e reconhecimento. Biologicamente, somos claramente distintas do homem. Mas somos semelhantes quando o assunto é ser dono do próprio destino. Infelizmente, isso ainda não ficou tão evidente. Estudamos e trabalhamos, sem recebermos o mesmo salário e reconhecimento. Realizamos nossos trajetos diários, sem nos sentir seguras e sem estarmos livres de assédios (e a gente reza para ser mesmo só o assédio que, lamentavelmente, ainda é o menor dos males). Tememos ser violentadas, mas transbordamos coragem quando unimos nossas vozes. Por isso, vim deixar minhas palavras aqui. Há o legado de muitas mulheres notáveis que fizeram grandes descobertas e deixaram muitas contribuições para a humanidade, o que é amplamente mais divulgado nos dias de hoje. Fi...

"Cartas de amor aos mortos", mensagens para os vivos

Imagem
A julgar pelo post  que fiz falando sobre "Cartas para Julieta" fica evidente meu apreço por esse gênero textual que é a carta. Mais uma vez, me rendendo a isso, fiz um desafio com um amigo meu e mergulhei nessa leitura. O desafio era o seguinte: eu tinha de ler o livro e, entre as páginas que ele tinha marcado, descobrir o que de tão tocante estava escrito nelas. Era uma forma de testar nossa sintonia, já que compartilhamos de muitas ideias semelhantes. Com isso, escolhi algumas das lições que "Cartas de amor aos mortos" me deixou e decidi compartilhar aqui! Vem comigo! 1- Amigos: estranhos comuns Durante o decorrer da história, Laurel escreve cartas àqueles que já se foram e transforma um trabalho de casa em uma forma de externar o que sente, mas não tem coragem de dizer. Em uma escola nova, depois da misteriosa morte de sua irmã, ela conquista um grupo de amigos desajustados e descobre que ser diferente é totalmente plausível quando você está ao la...

Medo de amar

Imagem
Amar assusta, apesar de ser algo que muitos desejam. Talvez porque, ainda que a gente queira encontrar alguém um dia, o sentimento seja arrebatador e devastador em proporções nunca antes vistas. E esses, meus caros, são adjetivos que abrem precedentes para todas as contradições que estar apaixonado envolve. Esses dias, li em um livro que um amigo me emprestou algo que me chamou a atenção e tive que concordar. Amar é estar em perigo, mas também é ser salvo. É algo profundo demais para que possamos lidar com clareza, já que então não se vê muito bem com os olhos, somente com o coração. É como se a gente se sentisse um pouco menos nosso, pois somos impulsionados a nos doar mais ao outro. Não é o que parece mais seguro. Entregar-se lembra vulnerabilidade. E, pelo que dizem por aí, isso não é algo bom. Às vezes, quando penso em relacionamentos, vejo muito medo. As pessoas esqueceram o que é amar por medo de serem tolas. Mas tolice mesmo é deixar de amar. Do que adianta f...