"Cartas de amor aos mortos", mensagens para os vivos


A julgar pelo post que fiz falando sobre "Cartas para Julieta" fica evidente meu apreço por esse gênero textual que é a carta. Mais uma vez, me rendendo a isso, fiz um desafio com um amigo meu e mergulhei nessa leitura. O desafio era o seguinte: eu tinha de ler o livro e, entre as páginas que ele tinha marcado, descobrir o que de tão tocante estava escrito nelas. Era uma forma de testar nossa sintonia, já que compartilhamos de muitas ideias semelhantes.

Com isso, escolhi algumas das lições que "Cartas de amor aos mortos" me deixou e decidi compartilhar aqui! Vem comigo!

1- Amigos: estranhos comuns

Durante o decorrer da história, Laurel escreve cartas àqueles que já se foram e transforma um trabalho de casa em uma forma de externar o que sente, mas não tem coragem de dizer. Em uma escola nova, depois da misteriosa morte de sua irmã, ela conquista um grupo de amigos desajustados e descobre que ser diferente é totalmente plausível quando você está ao lado de pessoas que te entendem e te aceitam como é.

"Percebi que existe uma razão para estarmos juntos ali - 
somos todos estranhos de um jeito diferente, e isso é normal."

"Um amigo é alguém que dá liberdade total para você ser você mesmo - 
e especialmente para sentir ou não sentir. Qualquer coisa que 
você sinta naquele momento está bom para ele. 
É o que o amor verdadeiro significa - deixar alguém ser ele mesmo."

2- Amar: estar em perigo e ser salvo

Como já fiz referência em outro texto aqui no blog, essa passagem do livro me chamou muita atenção. Em uma conversa com seu amigo Tristan, Laurel está enfrentando um dilema em seu coração e conta com esse conselho maravilhoso que alega as contradições de se apaixonar.

"Sabe por que se apaixonar é o que pode acontecer de mais profundo com uma pessoa? 
Porque quando estamos apaixonados, estamos totalmente em perigo 
e completamente salvos, os dois ao mesmo tempo."

3- Ninguém te salva de si mesmo

Em mais uma das conversas com Tristan, um conselho ajuda Laurel a entender melhor o sentimento que tanto lhe aflige durante toda a trama e remete à morte da sua irmã. Esse trecho mostra que não é possível derrotar um monstro quando você é quem está dando voz a ele. Não adianta alimentar sentimentos ruins e esperar que alguém nos livre deles, temos que vencer nossos medos e aflições por conta própria.

"Você pode achar que quer ser salva por outra pessoa, ou que quer muito salvar alguém. Mas ninguém pode salvar ninguém, não de verdade. Não de si mesmo. Você pega no sono no pé da montanha, e o lobo desce. E você espera ser acordada por alguém. Ou espera que alguém o espante. Ou atire nele. Mas, quando você se dá conta de que o lobo está dentro de você, é quando entende. Não pode fugir dele. E ninguém que ama você consegue matar o lobo, porque ele faz parte de você. As pessoas veem seu rosto nele. E não vão atirar."

4- O poder da escrita

Laurel ama poesia e descobre na escrita uma maneira de dar vazão às adversidades que formam sua personalidade. Em meio aos problemas de família e à culpa que sente, ela aprende que a beleza reside naquilo que nos torna verdadeiramente humanos, e não na perfeição. E acho que foi por essa resposta que ela procurou enquanto lidava com a perda.

"Existem muitas experiências humanas que desafiam os limites da linguagem.
 É um dos motivos da poesia."

"Então, quando conseguimos dizer as coisas, quando conseguimos escrever as palavras, 
quando conseguimos expressar a sensação, talvez não estejamos tão indefesos."

"Talvez ao contar as histórias, por pior que sejam, não deixemos de pertencer a elas. 
Elas se tornam nossas. E talvez amadurecer signifique que você 
não precisa ser uma personagem seguindo um roteiro. 
É saber que você pode ser a autora."


Portanto, deixo aqui o meu "muito obrigada" a esse amigo especial que me emprestou o livro e me proporcionou essa leitura incrível. Algumas coisas são difíceis de serem ditas, outras não são fáceis de serem superadas. A gente não escolhe o que sente, mas pode escolher o que fazer com o que sente. Os destinatários das cartas são prova disso, uns escrevem, outros cantam, compõem ou atuam. Ou era o que costumavam fazer, antes de deixarem essa vida. Um "olá" ao legado de Kurt Cobain, E. E. Cummings, Heath Ledger, Judy Garland e tantos outros. 

Até a próxima, Ana Carla. ;)

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